Visita de Macron ao Brasil: Paris enfraquece a política comercial da UE
Um novo capítulo nas relações entre a França e a América do Sul. Oficialmente, Bruxelas tem a palavra sobre o comércio, mas Macron prioriza os interesses econômicos nacionais em detrimento dos europeus.
Emmanuel Macron está entrando em um novo mundo. A reunião desta terça-feira com o presidente Lula da Silva, é a primeira visita de Estado de Macron à América do Sul. Essa é uma novidade bem-vinda após seis anos no cargo, especialmente porque a União Europeia está atualmente redefinindo suas relações com a América do Sul, em um acordo de livre comércio negociado com os estados do Mercosul.
O Brasil é o centro das atenções por dois motivos: porque é a maior economia do continente, e porque a mudança de poder do presidente populista de direita Jair Bolsonaro para Lula, abriu novas oportunidades de cooperação.
Macron se opõe ao acordo do Mercosul
Outra novidade durante a visita de Macron é menos agradável: ele está ridicularizando a política comum da União Européia (UE) em relação à América do Sul e ao Brasil. Por motivos políticos internos, principalmente por medo dos agricultores franceses, Macron agora está se opondo abertamente ao acordo UE-Mercosul. No Brasil, ele está oferecendo uma expansão do comércio bilateral e dos investimentos franceses como alternativa.
É claro que os Países buscam seus interesses nacionais, e esses interesses não são necessariamente congruentes com os da União Europeia como comunidade. Mas há uma clara divisão de competências entre a UE e seus membros. Os estados-membros da UE cederam a Bruxelas a responsabilidade pela política comercial e pelas questões do mercado interno.
Com seu comportamento, Macron está minando a política comercial comum da UE. Em uma área política pela qual não é responsável, ele está priorizando os interesses nacionais em detrimento dos interesses europeus. E ele nem precisa contar com as críticas abertas de Bruxelas, Berlim ou outras capitais, porque tem influência. O acordo UE-Mercosul foi negociado, mas não ratificado, e só pode entrar em vigor se todos os estados da UE concordarem.
A expansão da rede de acordos de livre comércio é do interesse da Alemanha e da Europa. Isso fortaleceria a ordem baseada em regras que forma a base do sucesso econômico da Europa no mundo e a prosperidade da UE. Essa ordem tem sido prejudicada pelo comportamento nacional egoísta de um número crescente de políticos importantes há uma boa década: por exemplo, Donald Trump, Viktor Orban, Xi Jinping, Recep Tayyip Erdogan. É trágico para a Europa que nem mesmo Emmanuel Macron consiga resistir a essa tentação.
Fonte: Tagesspiegel
https://www.tagesspiegel.de/internationales/macrons-staatsbesuch-in-brasilien-paris-unterminiert-die-handelspolitik-der-eu-11423957.html
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