Na Amazônia, a floresta se transforma em savana
Uma persistente seca está ameaçando o precioso ecossistema da América do Sul. Um novo estudo tenta entender o que os humanos têm a ver com isso.
De um décimo a quase metade da floresta amazônica poderá sofrer tal estresse até 2050, e grandes áreas poderão se transformar em savana. Uma equipe da Nature, com pesquisadores do Brasil, Europa e EUA analisou a interação de vários problemas e agora apresenta um quadro mais sombrio do que estudos anteriores. "Estamos nos aproximando do ponto de inflexão mais rápido do que pensávamos", disse o autor principal Bernardo Flores, da Universidade Federal de Santa Catarina, em Florianópolis, ao New York Times.
A importância ecológica da bacia amazônica para o mundo é imensa. Ela abriga um décimo da biodiversidade global. Não raramente, mais de 300 espécies diferentes de árvores estão em um único quilômetro quadrado. Em geral, cerca de 20 vezes mais carbono é armazenado aqui do que a humanidade emite em ano na forma de emissões de CO₂. A crise climática se agravaria mutio, caso parte desse carbono armazenado fosse liberado, por conta do desaparecimento da floresta.
A equipe analisou cinco fatores, todos eles influenciados pela atividade humana
Um sexto da área original já foi desmatada ou gravemente perturbada por influência humanas e além disso, a região está sofrendo atualmente com uma seca severa. Em áreas já danificadas, as árvores já não podem se beneficiar do maior teor de CO₂ do ar. Em princípio, ele pode atuar como um tipo de fertilizante para as plantas, mas não se o solo já tiver perdido muitos nutrientes.
A equipe, liderada por Bernardo Flores e sua colega Marina Hirota, analisou cinco fatores simultaneamente, todos eles influenciados pelo fator humano: aquecimento global, menos chuvas, períodos de seca de mais de cinco meses e infraestrutura (estradas que atravessam a Amazônia), e o desmatamento - muitas vezes ilegal. A equipe de pesquisa avaliou esses fatores usando um sistema de pontos e somou os impactos. De acordo com os resultados, 47% da área já tem mais de um fator de estresse, 10% até mais de dois. O estudo não leva em conta que os fatores se influenciam mutuamente e, juntos, podem ter um efeito ainda maior do que a soma deles sugere.
"Esse artigo esclarece um dos maiores problemas enfrentados pelas florestas, e não apenas na região amazônica", diz Susan Trumbore, diretora do Instituto Max Planck de Biogeoquímica em Jena, que não participou do estudo. As condições agora estão fora da estrutura na qual os habitats se desenvolveram. "Ainda não sabemos muito sobre como essas florestas extremamente diversificadas se recuperam de distúrbios". Suzan lidera um grupo que está estudando a floresta amazônica a partir de uma torre de aço de 325 metros de altura, no meio da selva.
O estudo da Nature também afirma que a humanidade pode proteger o "pulmão verde", acima de tudo limitando o aquecimento global, que também afeta o equilíbrio da água. O aumento da temperatura deve, portanto, ser limitado a 1,5 grau. Em termos de área desmatada, o limite já foi ultrapassado. A floresta pode tolerar uma perda de 10%, portanto, pelo menos 5% deve ser reflorestado e tudo o que enfraquece ainda mais a floresta deve ser interrompido. "Se estivermos indo em direção a um penhasco muito íngreme, mas não soubermos a que distância ele está, é melhor pisar no freio a tempo", diz Suzan.
Fonte: Süddeutsche Zeitung
https://www.sueddeutsche.de/wissen/amazonas-regenwald-klimakrise-1.6366107
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